domingo, 31 de agosto de 2008




E a Árvore?
Como fizemos essa pergunta no decorrer do processo.
Idéias vieram a rodo, surgiram mil maneiras de como poderia ser a nossa árvore.
Árvore de acrilico, de mangueira, de copo plástico, de pet transparente, de caixas de vidro (uma fortuna).
Também houveram idéias do tipo "...e se for de mangueira, e correr água por dentro, com muita luz, muita luz..."
Isso nos custou alguns neurônios.
Quando expomos e indagamos a cenografa do espetáculo sobre as diversas possibilidades, eis que na mesa da reunião, ela traz a "eureka".
Algo trabalhoso, frágil e simples, por mais que trabalhoso, simples (a Ligia que o diga).
A árvore que até então, era somente uma árvore, se tornou mais uma personagem desse espetáculo. É uma árvore viva!
Parece meio complexo, concordo. Talvez você precise visitar Vidros pra entender.
Ed Nicodemo.
"...promete que teremos nossa casa, nossos filhos, que visitaremos mamãe, e que faremos pra sempre tudo o que todas as outras pessoas fazem?..."


Tuane, Ed e Marco Aurélio ao término de uma das apresentações, comemorando com amigos. Um pouco de vinho e muitas idéias.


Enfim, Vidros.

Eis que um dia abro meu email, e vejo um recado do Cidão com o assunto "Vidros", "Ed leia isso, veja que foda, isso da uma peça". E eu li, achei um absurdo de tão interessante, eu devo ter lido umas três ou quatro vezes seguidas, talvez cinco. Respondi o email pro cidão, não me lembro muito bem da resposta mas foi algo do tipo "do caralho!". E então, eu adotei o conto do Marco. Ao mesmo tempo que aquilo me encantava, me agoniava pelo fato de não conseguir pensar nele cênicamente. O neura estava passando pelo momento de concepção do Pater, estavamos bem no inicio do que viria a ser pra nós uma "tortura psicológica". E eu, adotava Vidros cada dia mais. O conto continuava na minha cabeceira, e as idéias indo e vindo. Eu queria transformar aquilo que tinha nos encantado (de principio a mim e ao cidão) em um espetáculo. Até que um dia, após tomarmos café na minha casa, eu dei o conto pra Tuane ler e assim foi seguindo, até que Vidros não era mais de um único fã, e suas idéias não eram de uma só adoção. Nos apaixonamos por aquilo tudo, o neura é um teatro de paixões. Aliás eu acho tão gostoso quando qualquer um de nós fala alguma "bosta" considerável e todos abraçam aquilo, mesmo que para nos fazer rir por alguns segundos. Não que a gente se apaixone por qualquer coisa.Temos a mania de nos apaixonar, mesmo que por segundos. E com toda essa vontade que vinha do grupo, sentei e comecei a escrever Vidros, com um bom copo de leite quente com chocolate e com musicas que me deixavam triste. Eu preciso ficar triste pra escrever, não sei porque, um dia descubro. Finalizei a primeira versão e passei pra Tuane, o único pedido que fiz a ela, era que mexesse o menos que pudesse nas personagens da avó e da tia que são para mim muito especiais. Nos comunicavamos via email, telefone, piravamos via msn com possibilidades as vezes até mesmo inúteis, já tinhamos dividido autorias, mas sabiamos que essa, não desmerecendo as outras, era especial. Quando peguei o texto de volta das mãos da Tuane pra finaliza-lo eu consegui ver a cidade que antes pra mim ainda era escura. Vidros precisava ter passado por ela, assim como Pater passou. E assim, nasceu o Vidros do neura. Com um elenco que encheria uma arca, reduzido a aqueles que acreditaram e adotaram nosso "filho". Eu só tenho que agradecer a todos por terem aceito Vidros, e a esse "bando" que toparam, mesmo que por algumas horas, morar nessa cidade.
Ed Nicodemo.



sábado, 30 de agosto de 2008

Primeiro Teaser do Espetáculo Vidros


Numa cidade onde todas as paredes são de vidro e tudo é visto por todos o tempo todo, o enquadramento nas regras estabelecidas pelo sistema é a única forma de não ser notado e a manutenção da aparência o único recurso para a sobrevivência.

O espetáculo se utiliza de um casamento, desde o pedido até o primeiro filho, para analisar a forma como nossa sociedade está erguida sobre bases hipócritas e como as relações muitas vezes são baseadas em falsos moralismos e tradições jamais questionadas.


A chegada de uma criança diferente faz a cidade, pela primeira vez, pensar nos porquês e temer as consequências do novo, numa metáfora de como a nossa sociedade lida com as opções não convencionais.


Para que fique ainda mais evidente a semelhança entre a cidade de Vidros e a sociedade fora dos limites do teatro, o público é colocado dentro da cidade-cenário, numa espécie de arena invertida. É dos bancos da Praça Central que o público assiste à vida nessa cidade em constante movimento, já que o elenco está todo o tempo em cena.. A relação se estreita quando os atores interagem com a platéia e a fazem sentir como moradores da cidade.






(Em destaque, metade da cidade de Vidros)